quinta-feira, 17 de novembro de 2011

TERAPIA EM SITUAÇOES DE PERDAS E LUTO

Como lidar com as perdas?
Na vida, nos temos dois tipos de perdas:
As naturais, perda da juventude, crescimento dos filhos, morte esperada dentro do ciclo de vital (pessoas bastante idosas) e as não-naturais, como morte precoce de algum membro da família, doenças prolongadas, divórcio, perda de emprego, perda financeira...
Espera-se que o indivíduo possa ser capaz de adaptar-se,  quando as circunstâncias mudam, no entanto muitas vezes mesmo diante das perdas naturais isto não acontece. Neste caso, da não adaptação, devemos buscar ajuda na Terapia.
Porque algumas pessoas passam por perdas tão severas e conseguem sobreviver, às vezes tornando-se aparentemente mais fortes e outras não conseguem lidar com perdas menores?
A adaptação à nova realidade vai depender primeiramente da estrutura emocional do indivíduo, através de sua história de vida, de suas perdas passadas...
Algumas pessoas são resilientes e diante das adversidades, elas tem uma capacidade maior de suportar as crises e recuperar-se, outras não.
Qual o tempo de duração de um luto normal?
O tempo aqui é relativo, pois o luto é um processo e como tal é pessoal, único.
Podemos ver uma pessoa com luto de cinco meses e bem emocionalmente e uma pessoa com luto de dois anos, totalmente fragilizada emocionalmente.
No entanto a fase crítica do luto dá-se no primeiro ano, onde as datas comemorativas, encontros familiares, trazem a angústia da perda com mais freqüência.
Como podemos auxiliar alguém que passa por um luto?
O luto é um processo e como tal precisa ser vivido. Neste momento sem dúvida é de extrema importância a presença dos amigos e familiares.
O que vejo muito são pessoas com boa vontade, mas que desconhecem a forma correta de ajudar.
Às vezes diante da dor da viúva, no intuito de ajudar, dizem que ela precisa ser forte, que não deve chorar na frente dos filhos.
O encontro na dor com esses filhos será terapêutico, é necessário viver esse momento de dor, um ajudando o outro.
Nesta hora, esteja presente, mostre-se disponível, sem ser invasivo.
Não faça tudo pela pessoa, auxilie sem tirar os seus afazeres, isto também é terapêutico. 
Qual o luto mais difícil?
O luto da mãe ou pai que perde um filho ou o luto de uma criança que perde os pais?
Para uma criança o enfrentamento da morte em uma pouca idade é realmente a sensação nítida de ficar sem chão. Perde-se o Porto Seguro.
Para o pai ou a mãe, perder um filho é a ordem inversa da natureza, pois espera-se,  é que os filhos enterrem seus pais, o que é de extrema dificuldade, mas perder um filho é algo cruel demais, é a perda do futuro...
No entanto, o luto é único. Eu digo muito que: “Somente o dono da dor sabe o quanto dói”.
Eu posso imaginar, o que outro sente, saber o que ele sente somente o próprio.
Como saber se o luto é patológico?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, só existe patologia, quando existe incapacitação. Se partirmos deste princípio, um luto de cinco meses que incapacita a pessoa para suas atividades é tido como luto patológico.
Quando, apesar do apoio dos familiares e dos amigos, e às vezes até de acompanhamento clínico, a pessoa continua incapacitada para efetuar suas tarefas mais simples, como cuidar da casa ou dos filhos, ou ainda a pessoa deixa-se prostrar, descuidando até de sua aparência física, não encontra estímulo para nada, não há evolução, onde o assunto recorrente é sempre o mesmo, ou seja, a morte do ente querido. Neste caso é de extrema importância a intervenção de um Terapeuta capacitado.
Em que a Terapia em Perdas e Luto pode ajudar?
Através da Terapia de Luto trabalha-se o alívio ou supressão dos sintomas, adaptação à nova situação, recuperação da auto-estima, consideração dos projetos para o futuro. A terapia vai trabalhar o vínculo que foi perdido.
Seria utopia dizer para uma mãe, que tudo voltará a ser como antes. Mas posso afirmar que existe a possibilidade, através da Terapia de Luto de elaborar essa perda de forma positiva, encontrando outras formas de se permitir ser feliz novamente.
Da vida, continuar fazendo sentido!













Dra Silvia Catin
OAB/SP 172238


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