sexta-feira, 22 de março de 2013

Papo Cor de Rosa



- Pa-ai! Eu quero um ovo cor de rosa!
- Não existe, filha. Os ovos são brancos...
- Não! É cor de rosa...
- Tá bão! Onde tem ovo cor de rosa?
- No supermercado... Eu quero ir no supermercado pra comprar danone cor de rosa!
- Mas não era ovo o que você queria?
- Eu quero um ovo cor de rosa e um danone cor de rosa!
- Bem! Você escolhe uma coisa ou outra...
- Eu quero os dois...
- Eu falei “uma coisa ou outra” e não “uma coisa e outra”...
- Eu quero uma coisa... cor de rosa. Eu quero a balinha do macaco...
- Qual macaco? O George, o curioso?
- Não. O macaco cor de rosa.
- Mas isso não tem, filha.
- Tem sim! O Dudu Grande já me deu uma bala do macaco cor de rosa...
- Ah! A Bala Chita de morango...
- Não é Chita, é macaquinho!
- Tá certo, filha. Agora tá tudo certo. Tome a bala cor de rosa...
- Pa-pai! Toma!
- O quê?
- Joga o papel no lixinho do carro... por favor!
- Noooossa! Você é educada. Parabéns!
- Eu não sou educada...
- É, sim!
- Eu sou menina!
- Tá bom...
- Mas eu quero o ovo cor de rosa.
- De novo? Não se esqueceu disso ainda?
- Eu quero um esmalte cor de rosa...
- Esmalte ou ovo?
- Ovo e esmalte... cor de rosa.
- Ovo eu compro. O esmalte, peça pra sua mãe. Ela é que resolve...
- Mas é cor de rosa...
- Assim?
- Pa-apai! Você trouxe um ovo cor de rosa pra mim?
- Pode abrir...
(...)
- Ah! É marrom... Só o papel que é cor de rosa? Eu num quero. Eu quero um ovo cor de rosa...
- Não pode ser outra bala cor de rosa?
- Pode! Mas agora eu quero roxa. É de uva!
- Você não quer mais nada cor de rosa?
- Só o esmalte, pa-apai. Eu tô feliz... Eu sou sua amiga!



Beto Chagas é escritor e psicólogo,  
autor do livro de crônicas Palavras Contidas 

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