terça-feira, 27 de novembro de 2012

Bolo com “guanará’’


- Pa-ai! Eu quero bolo de aniversário!
- Quem tá fazendo aniversário, filhota?
- A Dona Franca!
- Quem te falou isso?
- Foi o Tio Beny... Ele falou que trabalha lá longe, mas tem saudade de quando trabalhava na Franca...
- Ah! Faz tempo, ele trabalhou com a Franca Dragone, irmã do Vincenzo, no Rigoletto! Eu também tenho saudade do tempo do Foto Rigoletto.
- É dia 28 de novembro, né pa-ai?!
- Ah! Então você está falando da outra Franca, da cidade de Franca.
- O Tio Beny trabalhou com a Franca, mas também trabalhou na cidade de Franca. Ele tem razão. Era uma cidade muito boa...
- Era de comer, pa-ai?
- Não filha! Era boa de se viver... Com o Tio Beny eu aprendi e descobri muita coisa, conheci uma Franca não tão antiga, mas que não existe mais. 
- É?
- Sim filha! Tinha os Móveis Meneghetti, na Voluntários da Franca,777. Acho que o prédio ainda existe, um imenso barracão na descida da Voluntários da Franca.
- Que mais, pa-ai!
- Tinha o Foto Edward, tinha o Foto Gallo. Mas Era tudo em preto e branco. foi o Rigoletto que começou com essa história de fotos coloridas. 
- Pa-ai! Que mais, que tinha?
- Não tinha! Não tinha ainda calçadões pra atravancar o trânsito das ruas do Centro. Na Marechal Deodoro, em frente ao Foto do Jair, tinha a Vitamina do Seu Nenete e, logo adiante tinha a Martins... Mais do que uma livraria, era um centro cultural. Numa esquina tinha o Bar Tubarão e na outra esquina, a Bomboniere Cinelândia, no quadrante do Cine São Luiz. 
- Só isso, pa-ai?
- Tinha muito mais, filha. Onde hoje é o outro calçadão, na Voluntários da Franca, tinha a Jóia Magazine, tinha a Cinderela (uma entrada pela Voluntários e a outra pela Rua do Comércio). Tinha também a Flor de Lis, tinha La Petit Fleur, a Antunes Confecções... Ah! Tantas lojas. Se falar de todas não cabe nessa nossa conversa!
- Mas, pa-ai! E o bolo de aniversário da Dona Franca?
- Bem, filha! Precisaria de um bolo muito grande... Deve ter umas 350 mil bocas esperando um pedaço. Faz assim: a gente passa numa padaria e encomenda um bem gostoso, só pra nós.
- Já sei, pa-ai! No City Posto deve ter...
Mas eu quero bolo com “guanará”!


Beto Chagas é escritor e psicólogo,  
autor do livro de crônicas Palavras Contidas 

0 comentários:

Postar um comentário